Reúne Ilhéus simboliza a resistência de 2013 e é o destaque do ano
Há, pelo menos, um fato que se destaca em Ilhéus no ano que se finda. O movimento construído por jovens estudantes da cidade, intitulado "Reúne Ilhéus", com acertos e/ou com erros, revelou um setor da sociedade disposto a se indignar, a pensar pra frente, a abandonar o silêncio e a gritar por um futuro mais justo.
O "Reúne Ilhéus" levou para as ruas a resistência de mais de 100 dias à porta do Palácio Paranaguá. Revelou no meio das ruas, o grito dos que se sentem excluídos, o protesto dos que precisam todos os dias do transporte público, a indignação dos que não puderam se sentar na cadeira de uma sala de aula, a agonia dos que precisaram de um posto de saúde e encontraram portas fechadas.
Se até agora, na prática, em nada deu o movimento, de fato, ele já serviu, sim, para alguma coisa. A juventude foi as ruas, enfrentou os conservadores de plantão, disse da insatisfação de homens e mulheres, jovens e velhos, brancos e negros, índios e produtores. Revelou, finalmente, a parcela da cidade que, de fato, representa a grande maioria do seu povo.
É.
O "Reúne Ilhéus" foi um divisor de água numa cidade onde a minoria dita os interesses da maioria e a caneta tem o valor dos que se sentem no direito de ditar as regras pensando mais nos interesses individuais do que nos interesses coletivos.
A questão é que a maioria esquecida, vota. E quando vota, quer em troca o valor do seu título em cidadania. Não em cifrão.
O "Reúne Ilhéus" simboliza uma cidade que reagiu em 2013.
É como diz o ensaista e escritor Beatrice Bruteau. "Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nós nos modifiquemos junto, por uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós mesmos somos o futuro. Nós somos a revolução."
O "Reúne Ilhéus" pode não estar, neste momento, nas ruas de Ilhéus.
Mas não está morto.
Encontra-se pulsando no coração da cidade que não está mais disposta a se calar.